Caso Faustão mostra que dinheiro é importante, mas não compra tudo


Foto: RENATO PIZZUTTO/BAND 

Texto:  Hely Beltrão

Com certeza você já deve ter lido este ditado: "Dinheiro não compra felicidade". Temos acompanhado atentamente o cumprimento deste ditado através das notícias veiculadas na imprensa a respeito do apresentador Fausto Silva, mais conhecido como "Faustão", que realizou um transplante de coração no domingo (27).

O que chama atenção, é o fato do apresentador que apesar de ter uma fortuna estimada em R$ 1,1 bilhão de reais, necessitar, como qualquer pessoa pobre deste país, a recorrer a fila do SUS (Sistema Único de Saúde). Há quem desacredite e ache que ele utilizou de seu poder financeiro e influência para passar a frente na fila do transplante. Antes de tudo, é necessário entender como funciona o SUS e como se desenrolou o caso Faustão.

Há casos no Brasil que são geridos e tratados pelo SUS, a exemplo da Tuberculose e da Aids por exemplo, que você pode até fazer o diagnóstico na rede médica particular, mas o tratamento deve ser feito pelo SUS  e registrado nas estatísticas. A fila de transplante de órgãos, como o coração, não é diferente, é gerido pelo SUS, que cuida até da água que você bebe, pois é quem fiscaliza o serviço de tratamento de água e esgoto.

A equipe médica responsável por Faustão recebeu a oferta do órgão na madrugada de domingo (27), que segundo o Ministério da Saúde, foi priorizado na fila de espera em razão de seu estado grave de saúde, regra aplicada aos casos de transplante de coração.  Ainda segundo informações do sistema informatizado de gerenciamento do Sistema Estadual de Transplantes, 12 pacientes atendiam aos requisitos necessários ao transplante, dos 12, 4 eram prioridade, sendo que que ocupava a segunda posição no ranking de prioridade.

A partir daí, aconteceram um sucessão de fatos, ou sorte, caso assim você entenda, que o beneficiaram, a começar pelo seu tipo sanguíneo B, bastante raro e que possibilitou que entrasse em um fila de espera menor, de 1 a 3 meses, outro fato ou sorte, foi a equipe médica da pessoa que estava na posição um de prioridade recusar o órgão, beneficiando assim o número dois na fila, o apresentador Faustão.

Os critérios da fila são:

Critérios para ordem na fila

Veja abaixo um resumo de como funciona o processo, com informações do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos

    A lista funciona por ordem cronológica de cadastro, ou seja, por ordem de chegada;

  • Também é levado em consideração a gravidade do quadro - quem necessita de internação constante (com uso de medicamentos intravenosos e de máquinas de suporte para a circulação do sangue) tem prioridade em relação à pessoa que aguarda o órgão em casa;
  • Tipo sanguíneo - um paciente só pode receber um órgão de um doador que tenha o mesmo tipo sanguíneo que ele;
  • Porte físico - alguém alto e mais pesado não pode receber o coração de um doador muito mais baixo e magro que ele;
  • Distância geográfica - o órgão precisa ser retirado do doador e transplantado no receptor em um intervalo de até 4 horas, isso é chamado de tempo de isquemia, o tempo de duração deste órgão fora do corpo, ou seja: não é possível fazer a ponte entre duas pessoas que estejam muito distantes uma da outra.
  • O tempo de isquemia, inclusive, determina se um carro ou avião será usado para o transplante, com custos arcados pelo SUS.
A grande lição que tiramos nisso tudo é: ter dinheiro é bom, para ter um lar confortável, ter certo luxo, mas não é tudo. Parece clichê, mas apesar de não ser uma maravilha, por conta de desvios de verbas efetuados pela classe política, o SUS é pago com os nossos impostos e por isso deve ser valorizado, não faz distinção de cor, credo e classe social, onde nossos heróis, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e médicos arriscaram suas vidas durante a COVID 19, trabalhando em condições insalubres, para tratar até mesmo quem adquiriu a doença por irresponsabilidade e negacionismo, sem fazer distinção.

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