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Reportagem: Elias Lúcio e Hely Beltrão
Todos acompanhamos perplexos os estragos causados pelas fortes chuvas em Feira de Santana ocorrida entre a sexta (26) e o sábado (27), Muitos foram os registros em vídeos e fotos de ruas alagadas, casas invadidas pelas águas, que não poupou nem os condomínios de classe média no município.
Jean Michel, morador do Parque Panorama, uma das áreas mais afetadas do município, relatou ao Tô Por Cá, que as inundação ocorreu por conta de uma obra mal feita da Prefeitura.
"O sofrimento aqui foi grande, estamos vivendo aqui um situação muito triste, onde várias pessoas foram desabrigadas, outras estão passando necessidade, não tiveram para onde ir, idosos foram carregados nos braços por outros moradores, crianças com deficiência, foi um verdadeiro caos, nas ruas Adriano Araújo da Silva e Silvina Marques no Parque Panorama. Isso ocorreu por conta de uma obra mal feita em governo anterior e solicitamos que todas as secretarias envolvidas nos ajudem, por que muitas pessoas aqui estão precisando de alimentos, colchões, roupas e até mesmo de aluguel social, porque algumas pessoas não tem condições de retornar para as suas residências".
Veja nos vídeos abaixo o estrago causado pelas chuvas.
Em uma entrevista concedida ao Programa Levante a Voz da Rádio Sociedade News FM no sábado (27), o prefeito de Feira de Santana Colbert Martins (MDB), disse que a presidente da Câmara de Vereadores, Eremita Mota (PSDB), tinha uma parcela de culpa pelos estragos, por conta de não ter pautado o projeto de empréstimo de R$ 165 milhões, que segundo o prefeito, resolveria os problemas de drenagem críticos no município. A vereadora, por sua vez, disse ter rejeitado o projeto por que não continha a descrição dos gastos.
Na segunda (29) em entrevista ao Tô Por Cá, Colbert disse que o poder público tem a sua parcela de culpa, mas que a principal causa foi o crescimento da cidade nos últimos 30 anos.
"Nasci em Feira de Santana, me lembro de muita chuvas em volta do município, com interrupção de estradas, me lembro dessas dificuldades, mas aqui na cidade não lembro de algo tão grande, até porque há 20, 30 anos, Feira era metade dessa do que é hoje e não tem a impermeabilidade que tem hoje, então as águas conseguiam a época ser absorvidas, agora não, é uma cidade altamente construída e impermeabilizada, a água invade tudo que não está nas drenagens, o que buscamos nesse momento é drenar essa água, colocar em um local onde seja aproveitada e que não cause destruição, não me lembro em nenhum momento, de uma dificuldade tão forte no meu município nesse período".
Segundo prefeito, o poder público tem sua responsabilidade, porém, o maior culpado é o crescimento da cidade nos últimos anos.
"Existem de fato responsabilidades do poder público, não tenho a menor dúvida disso, mas, o crescimento das cidades leva a situações como essa, mas no caso, na sexta (26) e sábado (27), foi uma situação bem diferente, entre as 17h de sexta e 5h de sábado, choveu 120 MM, significa 120 litros de água por metro quadrado, não tem cidade que por melhor que seja, consiga suportar uma quantidade tão grande de água num curto espaço de tempo, durante o sábado, mais 40 mm de chuva, portanto, a inundação aconteceu em todas a zona urbana e rural, as estradas tiveram problemas graves, existe responsabilidade sim, não há menor dúvida, mas é preciso entender que no avanço das pessoas, com construções e moradas, pode levar a situações como na Lagoa Chico Maia, muita gente invadindo lagoas, tudo isso leva a dificuldades que precisamos corrigir, com mudanças de alguns hábitos, muita gente colocou lixo em bocas de lobo também, aconteceram uma série de coisas, mas entendo sim que a responsabilidade é maior sim do poder público".
O secretário de Mobilidade Urbana (SEMOB), Sérgio Carneiro, detalhou ao Tô Por Cá, que nos próximos dias poderá ser decretado um estado de emergência por conta das chuvas e explicou que não há impedimento, mesmo como decreto de emergência pela seca em vigor.
"O prefeito decretou estado de emergência com relação a seca, que foi homologado pelo governo estadual e federal com prazo de 180 dias, que permite providenciar água potável para os agricultores e para os animais na zona rural para que possam sobreviver, a questão da cesta básica, porque o agricultor não tem a lavoura, todos os efeitos decorrentes da seca, o decreto permite a captação de recursos para fazer frente a essa problemática. De sexta até domingo, tivemos chuvas que em alguns lugares foram de 130, 150 e em alguns lugares 230mm, com isso, precisamos decretar um estado de emergência com relação as chuvas, mesmo com o do seca estando válido. A dúvida jurídica era se podíamos fazer esse decreto de emergência para a chuva, estando em vigência o da seca? Alguma autoridade estranharia e entenderia que um anula o outro? Tivemos o cuidado de consultar o governo federal e a resposta foi aquela que imaginamos, que não tem problema, que é possível conviver juridicamente com a existência dos dois decretos, porque, enquanto um diz respeito aos efeitos da seca, a chuva resolve um problema de água dos animais, mas não o das pessoas que precisam de água potável, a chuva destrói estradas vicinais, ruas nas zona urbana, precisamos de dinheiro para desobstruir córregos e canais, onde infelizmente muitas pessoas jogam lixo, quando nós ambientalistas falamos do cuidado com o lixo, o lixo vale dinheiro, não deve ser descartado em qualquer lugar, existem lixos que são tóxicos e não podem ser jogados nesses mananciais, precisamos de verbas para os aluguéis sociais, para as cestas básicas, enfim, são necessidades. Algumas são semelhantes a questão da cesta básica, o capim não nasce de um dia para a noite, milho, e o feijão não nascerão com a chuva de sexta para domingo, são essas diferenças que precisamos explicitar e colocar com fotos nesses decretos para que sejam devidamente homologados pelos governos estadual e federal e as verbas correspondentes sejam liberadas para cada caso".
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