Evento trata sobre os impactos da desertificação na produção agrícola no Brasil e em Feira de Santana

Foto: Elias Lúcio

Reportagem: Elias Lúcio

Aconteceu na manhã desta terça (14), no auditório da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de  Feira de Santana, um evento que trata sobre os impactos da desertificação na produção agrícola, tendo como palestrante, o professor Humberto Barbosa, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), um dos maiores estudiosos em desertificação do país. 

Ao Tô Por Cá, o professor Humberto Barbosa, deu maiores detalhes e afirmou que tudo passa pela política.

Foto: Elias Lúcio

"Oito por cento do semiárido está se tornando árido, mas 55%, já vimos nos últimos 30 anos que o Agreste, área que tem mais diversidade de produção de alimentos, está ficando com as características de uma região climática do semiárido, isso traz uma pressão não só na questão de entender como a produção de alimentos, abastecimento e questões sociais, porque se traz migração e joga muito mais complexidade no processo, pois quando separo, parece simples, mas em um contexto de emergência climática, segurança alimentar, segurança hídrica e perda de produção de alimentos, não só pela produtividade mas porque o solo já não produz, independente de chover ou não, isso traz uma certa dificuldade para as prefeituras dos pequenos municípios, principalmente no semiárido, Feira de Santana tem um papel muito importante, porque tirando a região Sudeste, é a região de maior crescimento populacional no semiárido no interior do Brasil, do Nordeste ela já é, isso vai exigir também dos governantes uma ação que possa ser modelo para os outros, como Campina Grande-PB, pode ver em Feira de Santana a oportunidade de criar ações conjuntas para tentar minimizar, adaptar e prevenir a esses extremos climáticos".

Qual a solução?


"O caminho passa primeiro pela questão política, como o nosso orçamento vai ser utilizado, porque as demandas estão cada vez mais intensas, de setores extremamente estratégicos para o município, como agricultura, hídricas, mas todas convergem numa única questão, se não houver unidade para resolver esse problema, porque tudo está unido no ponto que é fazer com que a nossa produção e e segurança hídrica e ambiental possa ser menos vulnerável às condições climáticas extremas, ou seja, negociação e algumas medidas ambientais só serão possíveis quando houver negociação, preciso monitorar, mapear, mas se tenho regulamentação e institucionalidade que me permite fazer isso, vai ser mais fácil dar o diagnóstico desse paciente, posso ter a prioridade, mas o paciente que está na fila nunca vai ser atendido porque não existe uma demanda política para isso".


Prefeito Colbert Martins (MDB)


Foto: Elias Lúcio


"O Dr. Humberto Barbosa, veio mostrar como o Nordeste, a Bahia e Feira de Santana, que tem o clima semiárido mudando do árido para o desértico, algo está acontecendo em mais de 100 municípios da Bahia, Ceará, Pernambuco e Paraíba nesse momento, ao mesmo tempo deserto no Nordeste brasileiro e chuvas no Sul, esses eventos extremos estão acontecendo com muita rapidez e violência, às vezes demorava por volta de 6 meses, de El Niño para La Niña, estão acontecendo ao mesmo tempo, essas mudanças precisam ser compreendidas por nós". 


Preocupação quanto a Feira de Santana


"Ter o conhecimento que estamos evoluindo para o deserto, é necessário mostrar que a Bahia está mudando do semiárido para o semidesértico, precisamos agir logo, tivemos duas inundações em Feira de Santana, uma em 26 de janeiro e outra em 18 de fevereiro, há um ano estou pedindo a Câmara para aprovar o empréstimo para fazermos a drenagem, vai resolver a questão? Não, mas vai diminuir para evitar problemas tão grandes como no Rio Grande do Sul, e vamos fazer outras áreas, outros projetos também de prevenção de desastres para não termos problemas humanos, o problema da ação climática é morte como no Rio Grande do Sul, graças a Deus, nos dois eventos climáticos fortes em Feira não tivemos perdas humanas".


Secretário de Agricultura Alexandre Monteiro


"Esse evento tem grande importância, não só pela força econômica de Feira de Santana, localização geográfica, importância comercial e por suas raízes, o município nasceu de um processo de uma feira de gado, ou seja, seu nascimento está ligado a pecuária e agricultura e por isso temos que valorizar essas questões, precisamos nos preparar para essa nova realidade, esse processo de desertificação foi iniciado, algo já demonstrado pelo professor Humberto Barbosa, que é um dos maiores especialistas do mundo nessa questão de desertificação, é preciso que o governo Municipal e governos estaduais juntamente com o governo federal, possa buscar ações efetivas para que possamos conviver dentro dessa nova realidade, precisamos nos adaptar às culturas a essa nova realidade, a criação de gado, ovinos e caprinos, é preciso que também se busque ações que venham trazer uma melhoria do solo da nossa região, soluções para que a comunidade tenha abastecimento de água potável de forma plena, porque é uma realidade que precisamos enfrentar e é preciso que se tenha a capacidade para fazer isso".

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