Decisão histórica sobre aborto acirra ânimos nos EUA




Nesta terça-feira, 26, manifestantes a favor da vida e a favor do aborto protagonizaram atos simultâneos em frente ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos, em Washington D.C..

A polarização gira em torno do caso “Aliança pela Medicina Hipocrática contra a Administração de Alimentos e Medicamentos” (AHM v. FDA). Este julgamento pode determinar o futuro das restrições sobre a mifepristona, medicamento abortivo cujas regulamentações foram flexibilizadas pela administração Biden, permitindo sua distribuição por correio e telemedicina.


Os atos refletiram a divisão nacional sobre o aborto: ativistas a favor da vida buscavam silenciar os discursos a favor do aborto com música alta, enquanto estes últimos exibiam cartazes com mensagens de apoio ao direito de escolha, alguns dos quais com críticas diretas a juízes conservadores da Corte. Participantes a favor da vida exibiam mensagens enfatizando os riscos do aborto químico para as mulheres e a importância da saúde feminina, com alguns dedicando-se à oração no local.

Momentos de tensão entre os grupos demandaram a intervenção da polícia para evitar confrontos diretos. Entre as declarações ouvidas, Savannah Evans, da Live Action, destacou-se ao afirmar a necessidade de reconhecimento dos direitos de sua filha ainda não nascida, enquanto Ashley Wilson e Kate Hoeting, da “Católicos pela Escolha”, grupo abortista que se declara católico, criticaram uma suposta influência religiosa excessiva sobre a “saúde reprodutiva”.

A aglomeração em frente ao tribunal não apenas sublinha as profundas divisões na sociedade americana sobre a questão do aborto, mas também antecipa o impacto significativo que a decisão do caso terá, independentemente do resultado.

Decisões da Suprema Corte Americana sobre Aborto

Em 24 de junho de 2022, a Suprema Corte dos Estados Unidos emitiu uma decisão que marcará a história do país, ao anular a decisão Roe v. Wade de 1973.

Esta decisão anterior garantia a legalidade do aborto em todo o país, sob a interpretação de que a Constituição protegia essa escolha como parte da privacidade individual. A nova decisão, resultante do caso Dobbs v. Jackson Women’s Health Organization, transferiu a autoridade para regular o aborto de volta aos estados, abrindo um novo capítulo na legislação americana sobre o tema.

A decisão Roe v. Wade de 1973 estabeleceu um precedente legal, interpretando que a Constituição americana amparava o direito da mulher de escolher realizar um aborto, enquadrando essa escolha dentro dos direitos de “privacidade individual”. Isso levou à legalização do aborto em todo o país, estabelecendo um marco nos debates sobre saúde e legislação.

Através do caso Dobbs v. Jackson Women’s Health Organization, a Suprema Corte reexaminou e, posteriormente, revogou a decisão Roe v. Wade. Com uma maioria de 6 votos a 3, os juízes decidiram que a Constituição não contempla explicitamente o aborto, concluindo que a regulamentação desse procedimento cabe aos estados, e não ao governo federal.

A decisão de revogar Roe v. Wade alterou significativamente o cenário de regulamentação do aborto nos Estados Unidos. Já se observa um movimento em vários estados no sentido de implementar suas próprias legislações, que variam desde a restrição até a proibição total do procedimento.

A revogação de Roe v. Wade reacendeu o debate sobre o aborto nos Estados Unidos. Enquanto alguns veem a decisão como um retrocesso nos direitos individuais, outros a consideram uma vitória para a proteção da vida desde a concepção.

A questão continua a ser um dos temas mais polarizados na sociedade americana.

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