Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana celebra o transplante de número 400


Reportagem: Elias Lúcio e Hely Beltrão

A Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana, comemorou, em cerimônia realizada no Hospital D. Pedro de Alcântara na manhã desta quinta (8) o transplante de número 400.

O paciente nº 400 é José Paulo Arberlan de Souza Freitas, de 31 anos. Ele passa bem e deve ter alta médica nos próximos dias. Esta semana, a Santa Casa de Feira celebra também os serviços prestados pelo ambulatório do transplante no qual a equipe médica e multiprofissional do Hospital Dom Pedro de Alcântara, mantido pela entidade, atende mensalmente a centenas de pacientes.

"Não sei nem como explicar, na verdade na mesma hora veio um pensamento e falei meu Deus do céu eu vou ter um futuro, isso foi muito bom e graças a Deus eu consegui", disse. 

No movimentado ambulatório, conhecida pela maioria dos profissionais, é possível encontrar a cada trimestre a confeiteira Luciane Dias Carneiro, de 29 anos, a paciente nº 1 do transplante renal. Residente em Alagoinhas, ela conta animada que tem uma “saúde perfeita. 

"Meu problema começou aos 7 anos de idade, tive uma falência nos rins, porque quando era pequena comia muita manga com sal, por isso, fiquei muito tempo internada, ainda jovem ainda comecei a fazer hemodiálise, mas passei apenas 4 anos, quando realizei o transplante em 2015".

O que mudou na sua vida?

"Tudo, porque quando fazemos hemodiálise, ficamos privados de sair, viajar, alimentação. Depois do transplante você pode viajar, e fazer essas coisas, mas tem que se cuidar. É outra vida"

Dr. Edivaldo Gomes, diretor Médico da Santa Casa

O Dr. Edivaldo Gomes, diretor Médico da Santa Casa, disse que esta marca é um orgulho para a instituição e explica como funciona o procedimento, fila, tipo sanguíneo, entre outros.

"É motivo de alegria e orgulho para o nosso município, aqui em Feira de Santana temos um serviço de excelência, que executa há tantos anos um serviço de tamanha importância, alcançarmos 400 transplantes, indica que alcançamos o nosso objetivo, estamos nele, temos executado, persistido, com bons resultados, pacientes têm sido operados diuturnamente, de segunda a segunda, de janeiro a janeiro, pessoas estão saindo do nosso hospital bem e felizes, não digo curadas, mas com a perspectiva de vida completamente diferente daquela que tinha", disse.

Acompanhamento pós cirurgia

"Uma vez que o paciente tem alta após se submeter ao transplante, passa a ser acompanhado no consultório, a nossa assistente social faz os agendamentos, no início, precisa vir com mais frequência, porque passarão a utilizar uma série de remédios que fazem a imunidade baixar um pouco para que o corpo tolere o transplante, não esqueçamos que não é um órgão do paciente, mas externo, por isso é necessário o uso de medicações para que o corpo aceite e permaneça aceitando com o passar do tempo, inicialmente, uma semana, 30 dias, 02, 03 meses, assim vai, até que venha periodicamente para dar manutenção".

Funcionamento da lista

"Dr. Edval Gomes: Existe uma fila única no Estado que é gerenciada pela Secretaria Estadual de Saúde (SESAB), o órgão entra nessa fila única, é feita a avaliação do tipo de sangue do paciente doador, padrão imunológico desse órgão, é como se fosse uma chave e fechadura, se temos a fechadura que é esse órgão que apareceu, veremos se tem alguém que tem a chave que permita acoplar, então pegamos aquela fila e vemos verificando. O primeiro consegue receber? Se não, passamos para o segundo, terceiro, até encontrar alguém que se encaixa, quando isso acontece, essa pessoa é convidada a participar, às vezes ela está pronta. Se ligarmos às 3 hs informando que surgiu um órgão, dizemos: Você topa fazer? Às vezes a pessoa diz que não pode, mas se aceitar, imediatamente ela arruma as coisas e vem para Feira de Santana, independente de onde estiver e se direciona para o hospital a qualquer hora do dia, a nossa equipe fica aguardando, já preparamos o centro cirúrgico, laboratório e equipe multiprofissional, e aguardamos a chegada do paciente para que faça os exames de admissão e seja submetido ao transplante".

Tipo sanguíneo

"O tipo sanguíneo influencia, às vezes você tem um tipo de sangue que facilita o recebimento de um órgão ou dificulta, são essas questões particulares que fazem um paciente ter mais facilidade ou mais dificuldade".

Fila de espera

"Temos uma fila com centenas de pacientes, é uma fila grande, o transplante renal graças a Deus é uma política que pode ser ampliada, mas é algo consolidado no Estado a história de transplante renal na Bahia é muito longo e de grande sucesso, podemos aumentar, não há dúvidas, um limitador é doação de órgão, é preciso estimular com campanhas, orientação e comunicação a doação de órgãos ajuda, porque não apenas uma questão de hospitais e equipes preparadas, se não tiver o órgão não conseguimos executar, temos uma quantidade de negativas de doação de órgãos muito alta em nosso estado, isso quer dizer que temos capacidade de avançar muito mais, com campanhas educativas e o papel da imprensa nesse aspecto é muito importante, porque existe muita descrença, fake news, muita conversa envolvendo transplante, e se não temos boas informações, ficamos mais restritos e com mais dificuldade de liberar um transplante. Temos 450 pessoas aguardando em fila de transplante e esperamos conseguir realizar talvez até mais que 20 ou 30 transplantes nos próximos meses e manter um ritmo, talvez crescer, aumentamos recentemente nosso ambulatório, quem sabe não conseguimos ter mais que 4 ou 5 transplantes mensais".

Dr. Rodrigo Matos provedor da Santa Casa

"Estou feliz e emocionado, pois 400 transplantes não significam 400 pessoas, mas 400 famílias que transmitem esperança, vivemos em um mundo sem esperança, as pessoas precisam ter esperança e entender que dentro do Sistema Único de Saúde há políticas públicas efetivas que transformam vidas, nós não escolhemos as pessoas. O que as pessoas que realizaram o procedimento dizem: “voltei a ter vontade de viver, viajar”. Essa divulgação através da imprensa é importante, porque mostra para as pessoas que elas podem ter esperança, a partir de um trabalho sério, responsável, que faz com que uma instituição filantrópica, um agrupamento de pessoas da sociedade civil, possa fazer muito mais a partir do momento que entende que precisa contar com a governança e com o engajamento de uma série de pessoas".

Drª Luana Costa, nefrologista do HDPA

"A minha estada aqui é recente, apesar dos 400 transplantes, que foram realizados em um período de 9 anos, mas é gratificante, por que para um nefrologista chegar a esse nível de assistência, modificar a história de uma doença renal, gasta-se muito tempo, é um sacrifício e quando vemos esse tipo de resultado satisfatório, da um acalanto no coração".

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